sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

BUSCA DA FELICIDADE


BUSCA DA FELICIDADE

Janeiro de 2018.

 

 

 

                De tanto sofrer despediu-se da mãe – não tinha mais o pai – dos irmãos e levando consigo o único filho partiu. Seguiu na direção sul a procura da tão propalada felicidade. A direção que tomou não fora premeditada. Seguiu o seu instinto e apontou o nariz pra lá, confiante.      

                Andou dias e dias carregando a pequena maleta recheada de esperanças. Estava certa de que, a qualquer momento, em algum lugar, chegaria ao seu destino.

                Em cada lugar que, a seu modo, sentia uma pontinha de alegria e bem estar imaginava haver chegado. Instalava-se, trabalhava em qualquer coisa e juntava algum dinheiro. Quando, por um desgosto qualquer, retomava o seu caminho no rumo sul. E assim, nessa peregrinação foi..., sempre retomando e reiniciando a sua incessante busca.

                Passaram-se anos e anos sempre andando. Vez por outra, aqui e acolá, experimentava momentos de prazer que, mesmo efêmeros, lhe induzia a acreditar que, finalmente havia chegado. Não tardava os desgostos bem mais frequentes - ao contrário dos momentos de prazer - lhe faziam retomar o seu caminho no rumo sul. Seguia com o filho e a pequena maleta recheada de esperanças.

                Foi, foi, foi..., sempre foi, até que não mais existia sul para ir. Mesmo assim continuou. De tanto seguir para onde apontava o nariz retornou ao ponto de partida. Voltou, mas não chegou. Não encontrou o mesmo que havia deixado. Tudo havia mudado: a mãe já não mais existia; os irmãos, envelhecidos, tinham os cabelos brancos; a casa, agora uma pensão que abriga os buscadores de felicidade da direção norte. Até as águas frescas do riacho haviam secado.

                Foi aí que compreendeu, então, que a felicidade não tem endereço. Não se encontra instalada em um lugar físico específico. Que não está perdida por aí, portanto não será nunca encontrada.

                Compreendeu que a felicidade está em cada um. Em cada um é sentida com maior ou menor intensidade. Que é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio. Que são pedacinhos de pequenas alegrias, de efêmeros momentos de satisfação que são pacientemente costurados, uns aos outros, com fios invisíveis de tolerância. Guardados na maletinha das emoções, dos sentimentos que vão do contentamento à alegria intensa, ao júbilo, à plenitude, à compreensão, à relevância.

                Compreendeu que a felicidade está onde você estiver em estado de bem estar espiritual é a paz interior.

                Por fim, compreendeu que a felicidade sempre esteve ali, bem ao seu lado: nas coisas simples; no sorriso das pessoas; no brilho do sol; na intensidade das cores; na alegria das crianças; no cheiro da natureza; no cantar das cigarras. Esteve sempre ali sem nunca ter sido percebida.

                É preciso compreender que os momentos de felicidade são infinitamente menores que o seu contrário. Se assim não fosse, não valeria a pena. 

 

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