BUSCA DA FELICIDADE
BUSCA DA FELICIDADE
Janeiro de 2018.
De
tanto sofrer despediu-se da mãe – não tinha mais o pai – dos irmãos e levando
consigo o único filho partiu. Seguiu na direção sul a procura da tão propalada
felicidade. A direção que tomou não fora premeditada. Seguiu o seu instinto e
apontou o nariz pra lá, confiante.
Andou
dias e dias carregando a pequena maleta recheada de esperanças. Estava certa de
que, a qualquer momento, em algum lugar, chegaria ao seu destino.
Em
cada lugar que, a seu modo, sentia uma pontinha de alegria e bem estar
imaginava haver chegado. Instalava-se, trabalhava em qualquer coisa e juntava
algum dinheiro. Quando, por um desgosto qualquer, retomava o seu caminho no
rumo sul. E assim, nessa peregrinação foi..., sempre retomando e reiniciando a
sua incessante busca.
Passaram-se
anos e anos sempre andando. Vez por outra, aqui e acolá, experimentava momentos
de prazer que, mesmo efêmeros, lhe induzia a acreditar que, finalmente havia
chegado. Não tardava os desgostos bem mais frequentes - ao contrário dos
momentos de prazer - lhe faziam retomar o seu caminho no rumo sul. Seguia com o
filho e a pequena maleta recheada de esperanças.
Foi,
foi, foi..., sempre foi, até que não mais existia sul para ir. Mesmo assim continuou.
De tanto seguir para onde apontava o nariz retornou ao ponto de partida. Voltou,
mas não chegou. Não encontrou o mesmo que havia deixado. Tudo havia mudado: a
mãe já não mais existia; os irmãos, envelhecidos, tinham os cabelos brancos; a
casa, agora uma pensão que abriga os buscadores de felicidade da direção norte.
Até as águas frescas do riacho haviam secado.
Foi
aí que compreendeu, então, que a felicidade não tem endereço. Não se encontra
instalada em um lugar físico específico. Que não está perdida por aí, portanto
não será nunca encontrada.
Compreendeu
que a felicidade está em cada um. Em cada um é sentida com maior ou menor
intensidade. Que é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio. Que
são pedacinhos de pequenas alegrias, de efêmeros momentos de satisfação que são
pacientemente costurados, uns aos outros, com fios invisíveis de tolerância. Guardados
na maletinha das emoções, dos sentimentos que vão do contentamento à alegria
intensa, ao júbilo, à plenitude, à compreensão, à relevância.
Compreendeu
que a felicidade está onde você estiver em estado de bem estar espiritual é a
paz interior.
Por
fim, compreendeu que a felicidade sempre esteve ali, bem ao seu lado: nas
coisas simples; no sorriso das pessoas; no brilho do sol; na intensidade das
cores; na alegria das crianças; no cheiro da natureza; no cantar das cigarras.
Esteve sempre ali sem nunca ter sido percebida.
É
preciso compreender que os momentos de felicidade são infinitamente menores que
o seu contrário. Se assim não fosse, não valeria a pena.